domingo, 16 de outubro de 2011


todos os dias sinto um vazio dentro do meu coração.
ainda não consigo aceitar que tu foste e já não voltas. não consigo acreditar, simplesmente.
ainda acordo todos os dias na esperança de sair pela porta do quarto, e encontrar-te ali. porque eu tenho essa necessidade. eu preciso de ti. preciso realmente de ti. preciso de reviver todos os bons momentos que passámos juntas. preciso dos sorrisos, das brincadeiras, das nossas sessões fotográficas, das nossas danças, das nossas cantorias. preciso de tudo. porque quando os nossos feitios difíceis chocavam e as coisas tornavam-se más, eram mesmo péssimas. mas quando as coisas eram boas, eram perfeitas. e hoje, são de todas essas coisas boas que eu sinto mais falta.
cada noite antes de adormecer, ainda penso em ti, choro pela saudade e chamo por ti. chamo-te para que voltes, porque isto sem ti custa muito. sei que onde quer que estejas estás melhor do que como estavas cá, mas gostava de ter-te aqui connosco, porque o aperto no coração é demasiado, é doloroso, é ofegante. esta dor torna-se insuportável. as lágrimas são teimosas e teimam em sair.
sei que nas últimas fases, tudo o que estava ao meu alcance, eu fiz por ti. fiz o melhor que podia. tentei ser forte e apoiar-te. e acredita que dava tudo para que não tivesses passado pelo que passaste. mas contra a natureza da vida, nem eu nem ninguém podíamos combater.
orgulho-me do tanto que fiz por ti. porque mesmo que tenha sido uma única vez na vida, tu disseste-me o quanto valor tinha. «se não fosses tu, eu não sei o que seria de mim.», obrigada pelas palavras. sabes o quanto foi importante o meu valor ser reconhecido. principalmente por ti. nunca esquecerei as nossas últimas conversas. tu confiavas tanto em mim, e eu em ti. foram tempos agarradas uma à outra, de mãos dadas, de carinhos de consolo, de lágrimas de sofrimento, de tudo. mas não me arrependo nem um pouco de ter estado ao teu lado nesses momentos.
já passaram quase três meses, mas não consigo dizer se parece que já passou uma eternidade, ou se parece que foi ontem. só sei que por vezes, parece que tudo não passou de um grande pesadelo, e quando acordar, tudo vai voltar ao normal, como há um ano atrás, não como há três meses. por vezes parece que isto não é real. parece que ainda podes voltar. mas é só o meu grande querer a pedir isso.
nunca fomos parecidas, talvez só um bocado a nível de feitios, mas há pouco tempo descobri que se calhar tínhamos mais semelhanças do que pensávamos. as conchas e as pedras que hoje guardo, estarão sempre cá. são coisas que se confundem com coisas insignificantes, mas estudadas ao pormenor, dizem tanto. têm valor, têm significado.
e obrigada pela visita naqueles tempos mais recentes e mais difíceis. tenho quase a certeza de que eras tu. obrigada.
amo-te, até um dia.

for you, grandmother.

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